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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Marconi na festa do PMN: "Vamos enfrentar e vencer os desafios"

No mesmo ritmo em que recolhem os ainda poucos dados disponíveis sobre a real situação financeira do Estado, os técnicos da equipe de transição do governador eleito Marconi Perillo trabalham para elaborar um cronograma de ação para os primeiros meses da nova administração que consiga conciliar corte de gastos com investimentos na retomada e conclusão das obras paralisadas ou em andamento.


A condução dessa linha - de acordo com as previsões de Marconi e com base nas primeiras informações fornecidas pelos assessores do grupo de transição - deverá ser feita com muito sacrifício. O Estado, segundo informações preliminares, deverá fechar o balanço de 2010 com um furo de caixa que pode atingir R$ 1 bilhão.

O completo descontrole das finanças públicas no atual governo tem deixado perplexos o governador eleito e seus auxiliares. Segundo Marconi, acreditava-se que o falso déficit de R$ 100 milhões, que o atual governo tentou impor à opinião pública, fosse a mais grave das patuscadas patrocinadas pela administração em fim de mandato. Agora, descobre-se que as reformas, centralizações, cortes de despesas, demissões e austeridade nos gastos públicos não passaram de uma propaganda enganosa que se sustentou até a apuração dos votos do último dia 31 de outubro. "O atual governo dizia que as contas estavam em dia, que entregaria ao seu sucessor um Estado enxuto. Lamentavelmente, o que estamos vendo é algo muito diferente", disse o governador eleito.

O atual governo de Goiás terá muito que explicar à opinião pública. O déficit de quase R$ 1 bilhão contradiz o discurso feito pelo governador Alcides Rodrigues em abril deste ano, segundo o qual as contas do governo estavam equilibradas e que iriam faltar dias no calendário para que a administração tivesse tempo de inaugurar as obras em andamento. Diante do atual quadro há duas hipóteses: ou o governador não disse a verdade sobre o equilíbrio das finanças públicas ou gerou esse gigantesco déficit a partir de abril e até os dias de hoje.

Colocado à frente da dura realidade de que terá que trabalhar praticamente um ano de seu futuro governo apenas para retomar, dar sequência e inaugurar obras lançadas na atual administração, tendo de administrar aumento da folha salarial e incentivos fiscais concedidos no apagar das luzes da atual administração, Marconi tem questionado o paradeiro da arrecadação “sempre crescente” anunciada com estardalhaço por este governo. "Se há uma escassez enorme de obras no que se deduz que não houve investimento, então para onde está indo o dinheiro arrecadado pelo Estado?", pergunta.

Nos últimos dois dias o novo governador de Goiás tem feito questão de abordar o assunto nos eventos de que tem participado. Na inauguração de uma clínica em Itaberaí manifestou, sexta-feira, sua preocupação ao dizer que "as primeiras informações nos dão conta de que iremos pegar um governo em situação ainda pior do que o que nos foi entregue em 1999". No mesmo dia, ao receber o título de cidadão em Heitoraí reafirmou que "o quadro é sombrio e preocupante" mas que estava pronto para "substituir a moleza pelo trabalho".

Na festa de confraternização do PMN, ontem (sábado 4), em uma chácara nos arredores de Goiânia, Marconi declarou a mais de duas mil pessoas estar ciente de que terá dificuldades diante dos números que começaram a surgir sobre o rombo nos cofres públicos. "Vamos receber o governo numa situação muito difícil, mas vamos enfrentar os desafios e vamos vencê-los", afirmou, confiante.

As informações ruins que chegam todos os dias sobre o descompasso das finanças do Estado acabaram por criar no futuro governo uma frente para espreitar bem de perto o desenrolar do imbróglio estabelecido pelo Ministério Público Federal em relação à liberação dos primeiros recursos decorrentes do empréstimo bilionário fechado pelo Estado com o Governo Federal para, supostamente, salvar a Celg.

O governador eleito já levantou dúvidas quanto às reais intenções do governo do Estado com esse dinheiro, chegando mesmo a arriscar um palpite sobre sua destinação: pagar empreiteiras e resolver problemas imediatos do governo do Estado. A propalada versão oficial de que os recursos provenientes do empréstimo serviriam para saldar a divida de ICMS que a Celg tem com o Estado, fator preponderante para que o governo não feche o balanço do ano com mais de R$ 700 milhões de déficit, não tem encontrado respaldo nas análises da equipe de transição de Marconi.

Em recente entrevista à Rádio 820, o governador eleito declarou que o provável déficit de quase R$ 1 bilhão se refere apenas a um rombo na administração direta. Se o governo alega que o dinheiro da Caixa Econômica Federal é imprescindível para evitar o déficit, então mostra que as contas nunca estiveram em dia, ao contrário, sempre estiveram na dependência de recursos extras para não fechar no vermelho.

A obscuridade do contrato entre o Governo do Estado e o Governo Federal para "salvar a Celg" deixa no ar a impressão de que os bilhões esperados poderão ser canalizados para destinos não tão nobres, a exemplo do ocorrido com os recursos arrecadados na venda da Usina de Cachoeira Dourada. "Temos, sim, uma grande preocupação sobre o que o governo quer fazer com este dinheiro. Não há transparência nessa transação", declarou Marconi.