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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Cidades - MP pede transferência de estátua de Pedro Ludovico

Cidades - MP pede transferência de estátua (MP)

da redação

Promotor de Justiça da 50º Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, Umberto Machado recomendou à Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira (Agepel), na tarde de ontem, que o monumento “Resgate à Memória” em homenagem a Pedro Ludovico seja instalado no centro da Praça Cívica de Goiânia, no Setor Central, no prazo de 10 dias úteis. A obra seria inaugurada ontem, na Avenida 85 com a Rua 82, no Setor Central, em frente ao Instituto Histórico de Goiás e ao lado do Palácio das Esmeraldas, mas a solenidade foi cancelada devido ao impasse sobre a localização da estátua.

Autor de uma lei municipal que determina a instalação da estátua em local de destaque na Praça Cívica e da representação junto ao Ministério Público, o vereador Rusembergue Barbosa, que também move ação contra a Agepel no Juizado Especial da Fazenda Pública, diz que espera que o impasse seja resolvido com a determinação do MP.

A família de Pedro Ludovico Teixeira também considera o local inadequado. O neto dele, Pedro Ludovico Neto, diz acreditar que o ideal seria que o Estado cumprisse o projeto inicial de construir um memorial em homenagem aos pioneiros de Goiânia e instalasse a estátua na frente do memorial. “Caso isso não seja possível, a estátua precisa ser instalada, pelo menos, na área central da Praça Cívica”, ressalta.

O cancelamento da inauguração representa ainda uma vitória do DM. O jornal já publicou artigos de colaboradores que se manifestam contrários ao local escolhido para a homenagem, opinão também manifestada em cartas enviadas por leitores. Reportagens relataram o impasse e o adiamento da inauguração aconteceu, inclusive, no mesmo dia da publicação do artigo “Os que a História vai jogar fora”, do jornalista Batista Custódio, editor-geral do DM. No texto, Batista expõe as idas e vindas do monumento e o desrespeito com a memória de Pedro Ludovico.



Decisão

Na decisão, o promotor considera que a Agepel não pode instalar a estátua sem a autorização da família de Pedro Ludovico Teixeira, que a inauguração da obra no local escolhido pela Agepel caracteriza violação ao direito de propriedade material e que o local escolhido para a instalação afronta a legislação. De acordo com o promotor, a recomendação visa “evitar danos à memória histórica do fundador e estadista Pedro Ludovico Teixeira e atender ao interesse público na preservação do patrimônio histórico goiano”.

De acordo com a diretora de patrimônio Histórico e Artístico da Agepel, Tânia Mendonça, o órgão procurou escolher o melhor lugar para instalar a estátua, uma vez que “havia um compromisso da gestão atual de entregar a obra”.

Inicialmente, a Agepel iria instalar a estátua no morro do Serrinha, mas estudos técnicos demostraram que o local era inapropriado. O escritor goiano Bariani Ortêncio, que foi coautor da homenagem a Pedro Ludovico, diz acreditar que a Agepel escolheu o melhor lugar para instalar a estátua. “Tentaram de tudo, os outros locais já tinham monumentos tombados ou esbarravam na burocracia.” Segundo ele, para a escolha do local, a Agepel ainda se preocupou em ter o aval do Insituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A reportagem do DM ligou no celular da presidente da Agepel diversas vezes na tarde de ontem, mas ela não atendeu o telefone.

Obra da artista plástica goiana Neusa Moraes, a estátua é esculpida em gesso, revestida de bronze, pesa 2,5 toneladas. A obra pertence ao município há mais de 20 anos, mas somente no mês passado ela foi trazida pela Agepel da cidade de Piracicaba, interior paulista, para onde a artista havia levado a estátua. A superintendente estadual do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Salma Saddi, disse ontem que recebeu a proposta da localização da estátua em homenagem a Pedro Ludovico pela Agepel e após a avaliação dos técnicos, a proposta foi aprovada. “A preocupação do Iphan foi com a localização do monumento, pois encontra-se no entorno de um bem tombado pelo instituto. Depois de um parecer positivo, o processo foi devolvido para a Agepel e em seguida, dado início a obra do pedestal”, diz. Salma Saddi esclarece que o local não foi escolhido pelo Iphan, mas foi analisado e visitado pelo instituto. A superintendente explica ainda que toda e qualquer obra de intervenção nas áreas tombadas ou no entorno são submetidas à análise e parecer do Iphan. “Da mesma forma como deve-se proceder quando a obra é tombada pela Agepel ou pela Prefeitura de Goiânia”, afirma.

O membro da Academia Goiana de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, Ubirajara Galli, discorda da localização da estátua e diz que o local apropriado seria, onde hoje funciona a Secretaria Municipal de Finanças, localizada no Setor Central, na Praça Cívica. “Todos teriam a visibilidade da história dele, pois o local é próximo ao Palácio, que ele mesmo construiu e está em frente à praça que leva o nome dele”, afirma. Ele disse ainda que sempre teve a mesma opinião. “Pedro Ludovico merece dignidade existencial, pois é o símbolo mais importante da história de Goiás, politicamente falando.”

Revitalização de museu será inaugurada dia 25



Localizado na Rua Dona Gercina Borges, no Setor Central, o Museu Pedro Ludovico Teixeira foi revitalizado e será inaugurado no próximo dia 25, de acordo com a diretora de Patrimônio Histórico e Artítisco da Agepel, Tânia Mendonça. Nesta data, segundo a diretora, será inaugurado ainda o Museu Ferroviário de Pires do Rio, que também foi revitalizado.

O prédio que abriga o Museu Pedro Ludovico Teixeira, incluindo a pintura e o telhado foram restaurados, assim como obras de exposição permanente que precisavam de restauração. A parte de comunicação do museu também foi revitalizada, ganhando novos painéis informativos e folders a serem distribuídos aos visitantes. Comunicação que, de acordo com a diretora, se baseia em uma pesquisa sobre a vida do fundador de Goiânia e da esposa dele, Gercina Borges, que moraram no local. “Tudo foi mantido como no projeto original de 1978, quando o museu foi criado”, ressalta Tânia Mendonça.