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sábado, 20 de novembro de 2010

Cidades - Mãe é presa ao tentar matar filho de 6 anos

Ivair Lima


da editoria de cidades

Ivonete Fonseca Lima de Morais, 29, tentou matar o filho de 6 anos na manhã de ontem em Goiânia. O garoto foi ferido com facadas no pescoço. O corte provocou muito sangramento. Uma hora após dar entrada no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), o menino estava enfermaria e passava bem. Portadora de esquizofrenia, ela atentou pela segunda vez contra a vida de um filho. Em março do ano passado, ela atacou a filha mais nova, que, na época, tinha 9 meses, com nove golpes de tesoura.

O menino foi salvo pelo tio Israel Vanderlei Fonseca. Ele contou que Ivonete disse afirmou ter feito as agressões para que o filho fosse para o céu. “Ela é ótima mãe, cuidadosa com a casa. Estava muito bem. Nos últimos dias, notei mudança em seu comportamento. Parecia muito calma e aparentemente desligada do mundo”, contou. Ao ouvir os gritos do garoto, Israel arrombou a porta a tempo de evitar que o menino fosse mortalmente ferido. O marido de Ivonte, Edson Esteves de Morais, 33, informou que a mulher estava em tratamento desde o ataque a filha menor. “Ela foi encaminhada ao pronto-socorro Vassily Chuc, depois, à Clínica Isabela, onde ficou internada por seis meses. Estava sendo acompanhada pelo Caps (Centro de Atenção Psico Social) do Jardim Novo Mundo. Quando saiu da clínica, tomava cinco comprimidos por dia”, relatou.

Edson disse esperar que o caso de sua esposa leve a discussões que indiquem caminhos para o tratamento de doentes de esquizofrenia. “Não vou me deixar levar pela emoção. Não quero acusar ninguém. Quero entender o que aconteceu. Por mais chocante que pareça, eu conheço minha mulher. Ela não é um monstro, está doente. Há milhares de pessoas na mesma condição no Brasil.”

Edson disse que não abandonou a esposa depois que a filha foi atacada e não abandonará agora. “Como aconteceu outra vez, terei mais cuidado. Sou um homem de muita fé e valorizo muito o sacramento do matrimônio.” Da mesma forma que ocorreu no primeiro ataque, Ivonete disse que tentou matar o filho para tirar o mal que estaria nele. “Pensava que tinha demônio. Via isso na minha cabeça”, disse na delegacia. Ivonete afirmou se lembrar do que ocorreu e que estava arrependida. “Quero que ele se salve”, afirmou.

A delegada Adriana Accorsi, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, informou que o inquérito será feito normalmente apesar de Ivonete Fonseca já ter diagnóstico de esquizofrenia. “Vamos oficiar imediatamente o Poder Judiciário. Nesses casos, o Estado tem o dever de garantir local adequado e tratamento. Isso poderá ser feito na própria Casa de Prisão Provisória.”



Outro caso

O primeiro ataque de Ivonete contra os filhos ocorreu em março do ano passado. Por infeliz coincidência, no mesmo dia, o soldado reformado da Polícia Militar Abrão Soares Conceição, 37, atirou a filha de um ano e um mês de idade contra a parede e a deixou entre a vida e morte. A menina foi socorrida no Hospital Materno-Infantil.

Os dois casos de agressão contra crianças ocorreram no Jardim Novo Mundo, região leste da cidade. Ivonete trancou a filha no banheiro da casa onde mora, por volta da meia-noite, e começou a desferir tesouradas, com a intenção de matar. O pai da menina ouviu os gritos, arrobou a porta e tentou conter a mulher. Mas os ferimentos graves já tinham sido feitos.

Os dois casos tiveram conotação religiosa. Abrão teria passado grande parte da noite em vigília, em uma igreja da denominação Assembleia de Deus. Ivonete disse que atacou a filha porque ela estava possuída pelo demônio. “Fiz pela fé. Vi que o mal estava presente nela. Foi a vontade de Deus.” Aparentado calma, Ivonete explicou que tentou matar a menina porque ela representa “a falta de amor da humanidade, a prostituição e o poder do mal que governa o mundo”. Disse que Deus também já mandou ela matar outro filho, que, na época, tinha 4 anos.

Fonte: Diário da Manhã - 19/11/2010