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sábado, 20 de novembro de 2010

Prefeito e deputado recebiam propina, afirma contador/ ambos do PR, no esquema de fraudes em licitações de obras na região do Vale do Araguaia.

O depoimento de um contador à Polícia Federal, revela o suposto envolvimento do prefeito de Barra do Garças, Wanderley Farias, e do deputado federal Wellington Fagundes, ambos do PR, no esquema de fraudes em licitações de obras na região do Vale do Araguaia.




O parlamentar e o prefeito estariam recebendo 20% do valor de cada contrato licitado e realizado pela empresa Assecon – Assessoria e Construções LTDA- de propriedade do empresário Luiz Antônio Jacomini, um dos presos pela PF nesta sexta-feira (19), na Operação Atlântida. As informações consta do depoimento do contador, cujo nome está sendo preservado.



“Jacomini conheceu Wellington Fagundes por meio do prefeito. É notória na região a ascendência exercida pelo deputado sobre as prefeituras municipais, inclusive, em Barra”, consta de um trecho do depoimento.



A informação foi repassada pelo contador, que trabalha para uma das empreiteiras da região, e que teve expedido pela Justiça um mandado de prisão coercitivo (presta depoimento e é liberado) contra si. Ele contou ainda que os valores pagos tanto ao prefeito quanto para o deputado só eram feitos através de dinheiro em espécie.



No depoimento, o contador revelou que presta serviço para a Assecon, Conspav Construções Pavimentações e Machado e Carvalho Construções. Diz ainda que o empresário Luiz Antônio Jacomini tem “estreito” laço com o prefeito e presta serviços à Prefeitura desde 1997.No entanto, a empresa não estaria no nome de Jacomini, mas, sim, de outras pessoas.



“É comum que a Assecon ganhe as licitações junto as prefeitura e às terceirize as empresas Conspav e Machado”, revela.



Ele explica que o esquema na região funciona como uma espécie de “chuveirinho”, em que uma determinada empresa ganha o certame e a terceiriza a outras empreiteiras que não fizeram parte do processo licitatório.



A PF, juntamente com a Controladoria Geral da União (CGU), apurou fraudes na execução de contratos em mais de 60 obras de vias urbanas nas cidades de Barra do Garças, Pontal do Araguaia, Campinápolis, Canarana, Novo São Joaquim e Ribeirãozinho. O inquérito policial aponta irregularidades na construção de creches, escolas, casas populares, obras de engenharia, drenagem e pavimentação asfáltica.



Todos provenientes de convênios firmados entre municípios da região e o Governo Federal, além de verbas parlamentares. A soma do desvio de recursos poderá ser superior a R$ 38 milhões, conforme a CGU. A delegada Luciane Alves, responsável pelo caso, declarou não haver até o momento,nenhuma investigação contra políticos.



Os mandados de prisão temporária foram cumpridos em Cuiabá (6), Barra do Garças (12), Pontal do Araguaia (3), Canarana (3), Novo São Joaquim (2). Os suspeitos poderão responder por peculato, corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, fraude em licitação, falsidade ideológica e advocacia administrativa, entre outros crimes.



Wellington nega participação em esquema no Vale do Araguaia

De Brasília - O deputado Wellington Fagundes (PR) negou qualquer envolvimento com o suposto esquema de desvio de recursos de prefeituras da região do Vale do Araguaia. Questionado pelo Olhar Direto sobre a citação de seu nome em depoimento prestado à Polícia Federal pelo contador de uma empresa investigada nas denúncias, Fagundes reiterou o que disse a delegada Luciane Alves, responsável pelo caso.



“A própria Polícia Federal se manifestou dizendo que não há investigação policial sobre políticos”, defendeu-se.



Fagundes reconheceu que conhece o proprietário da Assecon, o empresário Luiz Antônio Jacomini, um dos presos pela PF nesta sexta-feira (19), na Operação Atlântida. No entanto, o parlamentar disse à reportagem que não tem contato com Jacomini há cerca de dez anos.



“Conheço este empresário, o Jacomini , mas não tenho relacionamento com ele. Há cerca de dez anos ele freqüentava Brasília, mas nem conversávamos na época”, afirmou.



Ao questionar o depoimento do contador, Wellington disse qu, usar nome de políticos é algo fácil e corriqueiro. “Tenho relações políticas em todo o Estado de Mato Grosso. Não conheço este contador que deu o depoimento”, reiterou Fagundes.